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segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

50 kg de droga e um novo alerta: Caxias desponta como polo distribuidor do tráfico para Teresina

A apreensão de drogas em Teresina deixou de ser exceção e passou a integrar a rotina das forças de segurança. Entorpecentes são encontrados em bagageiros de ônibus interestaduais, em fundos falsos de caminhões, em porta-malas de veículos de passeio e, não raramente, até em carros ligados a advogados de organizações criminosas. O tráfico já não se esconde, apenas se adapta.

Na tarde de sábado, 20, mais um capítulo desse enredo foi registrado. Policiais do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (DENARC), em ação conjunta com o Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (BEPI), apreenderam cerca de 50 quilos de maconha no bairro Dirceu, zona Sudeste de Teresina.

A droga, segundo a polícia, estava acondicionada no porta-malas de um Volkswagen Voyage e seria destinada ao abastecimento de pontos de venda vinculados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) na capital piauiense. O motorista foi preso em flagrante e encaminhado à sede do DENARC para os procedimentos legais.

O que chama atenção, porém, vai além do volume expressivo da apreensão. O veículo vinha de Caxias, informação que acende um alerta estratégico no combate ao narcotráfico. A cidade maranhense, conhecida historicamente como a “Princesa do Sertão”, também a "Terra de Poetas e Escritores", começa a aparecer com frequência preocupante como ponto de origem de carregamentos destinados ao mercado de drogas no Piauí.

Esse dado muda o eixo da discussão. Caxias deixa de ser apenas rota de passagem e passa a figurar como possível centro distribuidor regional de entorpecentes. A pergunta que se impõe é inevitável, a polícia do Maranhão já dimensionou esse papel logístico? E as forças de segurança do Piauí estão tratando essa conexão interestadual com a devida prioridade?

A origem da droga também permanece em aberto. Quem abastece Caxias? A maconha apreendida vem de plantações locais, de outros Estados do Nordeste ou de rotas internacionais que atravessam fronteiras frágeis e mal vigiadas, no Norte e Nordese do Brasil? Cada apreensão sem resposta estratégica vira apenas um número a mais na estatística.

Durante a operação, além dos 50 quilos de maconha, os policiais também apreenderam 2 quilos de cocaína e 3 quilos de skunk, o que reforça a tese de que não se trata de um transporte ocasional, mas de uma engrenagem estruturada, com diversificação de drogas e logística definida.

O delegado Fábio Bhering destacou que a ação demonstra a vigilância permanente do DENARC, mesmo em finais de semana e períodos festivos. A fala é correta, mas o cenário exige algo além da repressão pontual, exige inteligência integrada, cooperação interestadual e investigação profunda sobre comando, financiamento e rotas.

Enquanto isso, Teresina segue como destino final de cargas cada vez maiores, e Caxias desponta como elo crítico dessa cadeia criminosa. A apreensão impede que a droga chegue às ruas, mas deixa no ar a pergunta central, quem está no topo dessa engrenagem e até quando essas rotas continuarão operando quase à vista de todos?

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