“Por legítima defesa, poderia ter feito uma desgraça. Mas eu me contive, segurei tudo, aceitei todas as agressões, mesmo que me machucaram, me bateram, me jogaram em um buraco”, disse à reportagem.
Segundo a delegada plantonista Vivian Sander, a mulher foi apresentada pela Brigada Militar (BM). Ela relatou à polícia que trabalhadores carregavam areia em caçambas para uma obra particular do prefeito, o que causaria transtornos aos moradores da região.
“Os filhos dela têm problemas de saúde, em que a poeira é prejudicial, e que hoje, como era domingo, imaginou que não haveria movimento. Como havia [rotina de trabalho], conversou com um motorista, e ele disse que não haveria problema de passar por outra rua. Mas acredita-se que ele conversou com o prefeito, que não concordou, foi até a residência desta senhora e acabou brigando com o marido dela”, relata a delegada.
“Ninguém veio para mim e disse que está tendo problema de poeira. Quando eu cheguei no destino, simplesmente saiu uma mulher, e um camarada veio já me agredindo. Eu dei voz de prisão nele, ele ameaçou ir buscar uma arma, porque disse que, se o prefeito tem arma, ele também tinha. Quando ameaçou, eu esperei, ele retornou com uma madeira e me deu uma paulada na cabeça. Enquanto isso, a mulher veio, me rasgando toda a camisa, me rasgando todo e me chamando de tudo que foi nome feio”, relata Alba.
Na briga, a mulher tentou intervir e o prefeito a algemou. “Como prefeito, por si só, não tem [prerrogativa de prender alguém]. Em princípio, qualquer pessoa pode fazer o flagrante, mas não vou entrar no mérito se era o caso ou não”, afirma a delegada.
“Não sou de me esconder. Eu vou a público e respondo por todos meus atos errados. Se eu fiz errado em ter prendido a mulher que tava querendo causar uma desgraça, eu vou pagar por isso”, diz o prefeito. “Não sei se eu fiz certo ou não botar a algema em uma mulher, mas o que passei sozinho com mais de 30 olhando e oito ou 10 me batendo, aí tive que fazer isso aí.”
Após a briga, a BM foi acionada. “A Brigada Militar, logicamente, retirou as algemas dela e levaram à delegacia de Cerro Grande do Sul, que não tem regime de sobreaviso. O prefeito e o marido, que se envolveram na briga, tampouco foram apresentados”, diz Vivian.
Conforme a delegada, a mulher tinha lesões leves e será encaminhada para a perícia para verificar a extensão dos machucados. O caso será investigado pela delegacia de Cerro Grande do Sul.
“Ele [o prefeito] vai ser intimado a se apresentar na terça-feira (16), porque isso vai para a delegacia de origem. É um caso grave, mas não um caso que exija diligências prévias. Pode aguardar até terça-feira, sem problema nenhum”, esclarece a delegada.
Este não é o primeiro caso policial envolvendo Alba. Em agosto deste ano, a Polícia Federal apreendeu R$ 505 mil com ele no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A quantia estava em uma caixa dentro da bagagem levada pelo prefeito e que foi detectada pelo aparelho de raio-x do terminal.
Segundo a PF, ele atestou não saber o valor que carregava, para depois dizer que levava R$ 1,4 milhão. Sem explicitar de onde vinha o dinheiro, o prefeito só teria afirmado que a quantia tinha origem lícita.
Depois disso, em 6 de setembro, a polícia fez buscas na casa do prefeito. A ordem de busca e apreensão foi expedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
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