
Na semana passada, a professora gaúcha estava na beira
do mar, em Balneário Camboriú, onde veraneia há anos, quando uma banhista se
incomodou com a presença do seu cachorro Darwin.
Olga, que é pioneira no uso de cão-guia no Brasil,
explicou que a lei existe há mais de dez anos para facilitar a mobilidades de
cegos tanto em espaços coletivos privados, quanto nos públicos, como a praia.
Mas foi ignorada. A banhista chamou a PM. Segundo Olga, um deles disse que a
levaria presa.
“Eles acreditavam que o cão-guia não poderia me
acompanhar em situações de lazer”, contou.
Olga, então, decidiu ligar para os treinadores de
Darwin, no IFC (Instituto Federal Catarinense) para pedir ajuda. Os técnicos,
por sua vez, ligaram para o comandante do 12° Batalhão de Balneário Camboriú,
coronel Evaldo Hoffmann, e a situação foi resolvida.
Um superior dos soldados foi enviado até a praia para
explicar aos colegas que o uso de cão-guia é um direito legal. O coronel
lamentou a situação e informou que irá incluir palestras sobre o assunto nos
cursos de formação.
O comando do 12° BPM lamentou a desinformação do
policial que ameaçou prendê-la e afirmou que irá organizar palestras sobre a
lei nos cursos de formação dos soldados.
“O cão-guia é o melhor elo”
Olga tem doutorado em educação, é autora do livro
“Itinerário de Inclusão Escolar”, e trabalha com temas relacionados ao direito
dos cegos. Essa formação é mais um alicerce para que ela não recue quando
pessoas se mostram incomodadas com o seu cão-guia. A professora já foi
intimidada em ônibus, táxi, na rua, e sempre agiu da mesma maneira. Explicou
pacientemente a lei.
Olga nasceu sem visão e foi ter seu primeiro cão-guia,
a labrador Misty, aos 45 anos. Nessa última década se tornou uma defensora do
trabalho desses animais. “O cão-guia é o melhor elo entre a pessoa cega e o
restante da sociedade”, explicou.
Misty foi treinada por uma instituição nova-iorquina e
conviveu 12 anos com Olga. Com a morte da labrador, vítima de câncer, Olga
descobriu o trabalho do IFC, a primeira instituição da Rede Federal de Educação
a implantar um Centro de Formação de Treinadores e Instrutores de Cães-Guia, em
2012. Ela acompanhou todo processo e recebeu Darwin, seu fiel companheiro desde
então.
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